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Marginal de Corimba “não tem impacto na vida da população”

19 de janeiro de 2017

Governo angolano poderá gastar 430 milhões de dólares na reabilitação da marginal da Corimba, em Luanda. Oposição critica as prioridades do Executivo, defendendo a resolução de problemas que afetam a vida da população.

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Angola Bucht von Luanda mit Skyline
Foto: DW/V. T.

As obras estarão a cargo de uma empresa holandesa em parceria com uma outra de direito angolano, propriedade de Isabel dos Santos, a presidente do Conselho de Administração da Sonangol e filha do Presidente do país, José Eduardo dos Santos.

A obra está avaliada em 430 milhões de dólares e soma-se aos 300 milhões de dólares já gastos com a obra de requalificação da baía de Luanda.

O projeto para Corimba prevê, até 2019, a recuperação ao mar de uma área de 400 hectares para a construção de uma via rápida e de outras infraestruturas.

"Elefantes brancos”

Angola Alcides Sakala, Sprecher der Partei UNITAs
Alcides Sakala, porta-voz UNITAFoto: DW/J. Carlos

Embora estas obras sejam importantes para "o cartão postal" da capital angolana, os partidos na oposição questionam as prioridades do Governo angolano quando, defendem, setores como a educação, a saúde, a habitação e as estradas, carecem de intervenção. Para a UNITA, segundo o porta-voz, Alcides Sakala, trata-se da construção de "elefantes brancos” que "não têm impacto nenhum na vida das pessoas”.

Segundo Sakala, há situações mais "complexas do ponto de vista social” que carecem de atenção: "a questão da energia, a questão do abastecimento de água que continua deficiente ou inexistente em quase todo o país. Temos o problema da educação que não responde aos desafios exigidos, porque a nossa educação tem muitas dificuldades. A questão da saúde é outro problema.”

A Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), a terceira força parlamentar, considera igualmente que os gastos previstos não correspondem às necessidades do país. O vice-presidente, Lindo Bernardo Tito, afirma que "só se justifica uma ação governativa quando ela tem em vista a realização da pessoa humana, ou seja, quando ela cria bem-estar social, quando ela promove o desenvolvimento económico do país.”

"Um país como o nosso, que tem carência em todos os setores essenciais, não pode fazer um investimento para embelezamento da cidade quando as pessoas estão a morrer de cólera e de outras doenças. Quando nas periferias de Luanda não há saneamento básico, não há hospitais, não há escolas, ou seja, quando falta o essencial. O que interessa embelezar a fachada da tua casa quando dentro da tua casa não tens casa de banho com dignidade e não tens sala com dignidade?”, questiona.

Campos universitários e hospitais

Lindo Bernardo Tito, CASA-CE in Angola
Lindo Bernardo Tito, vice-presidente da CASA-CEFoto: DW/N.S. D'Angola

O vice-presidente da CASA-CE calcula que, com os 430 milhões de dólares previstos para as obras na marginal de Corimba, o país poderia "construir campos universitários” em várias universidades e "alargado o número de acesso a essas universidades dos jovens que terminam o ensino médio”.

O valor previsto, acrescenta Lindo Bernardo Tito, teria dado para construir "seis grandes hospitais equipados e modernizados os existentes para que não haja fuga de recursos no exterior, para garantir que até o ministro que fica doente possa ser assistido nos nossos próprios hospitais.”

Mudança na governação

"É preciso mudar-se essa matriz de gestão dos recursos públicos no nosso país”, defende Alcides Simões Sakala. O porta-voz da UNITA argumenta que a marginal "não é prioridade”.

"Já vimos como é que ficou requalificada a marginal de Luanda. Mas não se resolveu o problema das infraestruturas de saneamento básico da cidade de Luanda, que continua a viver com dificuldades imensas, sobretudo nos bairros, com o escoamento das águas, por exemplo”, explica Alcides Sakala.Para o maior partido da oposição em Angola, "a prioridade prende-se com a resolução dos problemas sociais de todos angolanos espalhados pelo território nacional.”

19.01.2017 Luanda- Embelezamento - MP3-Mono

A  DW tentou contatar o porta-voz do Governo de Angola, Manuel Rabelais, mas não foi bem sucedida.

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