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Direitos HumanosCosta do Marfim

Violência na Costa do Marfim já fez 10 mil refugiados

Lusa | AFP | mjp
15 de novembro de 2020

Mais de 10 mil pessoas fugiram da Costa do Marfim para países vizinhos, sobretudo para a Libéria, devido à violência ligada às presidenciais de 31 de outubro, segundo a agência das Nações Unidas para os refugiados.

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Confrontos pós-eleitorais deixaram rasto de destruição em Toumodi, centro da Costa do Marfim.Foto: Sia Kambou/AFP/Getty Images

"Um total de 10.087 marfinenses fugiram e o número continua a crescer", declarou, em comunicado, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), este sábado (14.11). O número anterior, a 8 de novembro, era de mais de 8.000 refugiados.

O início da semana foi marcado por mais violência no centro do país, com a morte de mais 15 pessoas. Pelo menos 85 pessoas morreram na violência ligada à eleição presidencial de 31 de outubro, desde o anúncio da candidatura para um polémico terceiro mandato do Presidente, Alassana Ouattara, em agosto.

A Libéria (fronteira oeste) concentra cerca de 9.500 refugiados, enquanto a violência ocorreu principalmente na metade oriental do país. No entanto, o oeste da Costa do Marfim foi um dos epicentros da crise entre 2010 e 2011 que fez 3 mil mortos.

Na segunda-feira, o Conselho Constitucional validou definitivamente a reeleição de Ouattara com uma vantagem esmagadora (94,27%), enquanto a oposição não reconhece o resultado e boicotou o escrutínio.

Restaurar a confiança

No sábado, os dois principais partidos da oposição da Costa do Marfim exigiram, numa declaração conjunta, "atos de apaziguamento" por parte do Governo do país antes de qualquer diálogo político entre o Presidente, Alassane Ouattara, e os opositores.

"Antes de se poderem iniciar as discussões (...) é essencial restaurar a serenidade e a confiança entre todos os intervenientes" através de "atos de apaziguamento", incluindo o fim de processo judiciais contra todos os líderes da oposição, defenderam o Partido Democrático da Costa do Marfim (PDCI) e a Frente Popular da Costa do Marfim (FPI), citados pela agência France-Presse.

Vários líderes da oposição foram detidos, ou estão bloqueados nas suas casas pelas forças de segurança, como é o caso de Henri Konan Bedié, o segundo candidato mais votado.

O PDCI, liderado por Bedié, e a FPI, fundada pelo antigo presidente Laurent Gbagbo, apelaram ao "fim de todos os procedimentos legais contra os líderes e ativistas da oposição e da sociedade civil", "o levantamento do bloqueio em torno das residências de todos os líderes dos partidos políticos da oposição", assim como para a libertação de "todos os presos políticos" e o "regresso dos exilados", acrescentou a mesma nota.

Entre estes exilados estão Laurent Gbagbo, o antigo líder rebelde e ex-primeiro-ministro Guillaume Soro, e o antigo líder dos Jovens Patriotas -- movimento pró-Gbagbo -- Charles Blé Goudé.

Os opositores pedem também que as conversações com o Governo de Ouattara decorram "sob a égide de um facilitador".

A justiça da Costa do Marfim acusou vários opositores de "conspiração contra a segurança do Estado", acusando-os de serem responsáveis pela violência mortal no contexto da sua campanha de "desobediência civil" contra as eleições presidenciais de 31 de outubro. 

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