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AfD é banida de cerimônias em campo de concentração

25 de janeiro de 2019

Fundação que administra memorial do campo de Buchenwald diz que membros do partido populista de direita não serão bem-vindos em homenagens a vítimas do Holocausto até que legenda "se distancie do revisionismo histórico".

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Homenagem às vítimas do Holocausto no campo de concentração de Buchenwald
Homenagem às vítimas do Holocausto no campo de concentração de Buchenwald em 2018Foto: picture-alliance/dpa/M. Schutt

A fundação que administra o memorial do campo de concentração de Buchenwald declarou como não bem-vinda a presença de políticos do partido populista de direita alemão Alternativa para a Alemanha (AfD) em cerimônias em memória das vítimas do regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

A fundação disse considerar adequado que os políticos da AfD não participem de cerimônias em campos de concentração "enquanto não tiverem se distanciado de maneira convincente de suas posições antidemocráticas, contrárias aos direitos humanos e de revisionismo histórico", afirmou a fundação em carta enviada ao Parlamento do estado da Turíngia nesta quinta-feira (24/01).

A decisão é válida a partir desta sexta-feira, quando haverá um memorial com a presença de sobreviventes do Holocausto e membros do Parlamento do estado que depositarão coroas de flores em homenagens às vítimas. Os membros da AfD também estarão impedidos de comparecer a uma cerimônia neste domingo que marcará o Dia Internacional de Memória do Holocausto.

Na carta enviada ao Parlamento da Turíngia, Volkhard Knigge, diretor da fundação, menciona declarações feitas anteriormente pelo líder da AfD no estado, Björn Höcke. 

Em 2017, o ultradireitista gerou enorme controvérsia ao comentar sobre o memorial aos judeus mortos no Holocausto em Berlim, dizendo que os alemães são "os únicos do mundo a ter plantado um monumento da vergonha no coração de sua capital". "Essas políticas estúpidas de enfrentar o passado nos paralisam – tudo de que precisamos é de uma virada de 180 graus na política da memória", disse.

"Höcke ainda se atém à sua atitude em relação à cultura da memória", diz Knigge, acrescentando que "sua agremiação também não se distanciou de suas posições". "Qualquer um na AfD que não se oponha verdadeiramente a tais posições e à banalização e relativização da história a elas associadas, também as apoia."

Uma ala nacionalista da AfD liderada por Höcke, chamada Der Flügel ("A asa"), está na mira do Departamento de Proteção à Constituição da Alemanha (BfV), o serviço de inteligência interno do país, sob suspeita de "aspirações extremistas".

A AfD se disse surpresa com a decisão da Fundação Buchenwald. Stefan Möller, colíder da AfD na Turíngia ao lado de Höcke, disse que a legenda considera importante não instrumentalizar ou fazer uso político das cerimônias em homenagem às vítimas do nazismo, e criticou Knigge por se recusar a fazer um gesto de reconciliação "em um dia tão importante para a memória". "Lamentamos muito", disse Möller.

Cerca de 56 mil pessoas morreram durante o regime nazista em Buchenwald, um dos maiores campos de concentração da Alemanha, como resultado de torturas, experimentos médicos, doenças ou fome. Estima-se que mais de 7 mil pessoas tenham sido assassinadas no local após a guerra, quando a polícia secreta soviética utilizou Buchenwald como campo de detenção.

RC/dpa/afp/epd

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