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Ato em memória de ícones comunistas tem confronto em Berlim

Ian P. Johnson
10 de janeiro de 2021

Cerca de mil pessoas vão a protesto em homenagem a Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, assassinados há 102 anos. Polícia intervém contra bandeiras "proibidas" erguidas por manifestantes, e marcha acaba em conflito.

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Manifestantes de esquerda reunidos em Berlim, cercados por policiais
Marcha por Luxemburgo e Liebknecht é realizada todos os anos, normalmente no segundo domingo de janeiroFoto: Christophe Gateau/dpa/picture alliance

A polícia de Berlim entrou em confronto com manifestantes de esquerda neste domingo (10/01) durante uma manifestação em memória aos ícones comunistas alemães Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, assassinados há 102 anos, em 15 de janeiro de 1919.

Policiais afirmaram que intervieram depois que manifestantes exibiram bandeiras "proibidas" do movimento juvenil comunista FDJ (Juventude Alemã Livre), da antiga Alemanha Oriental.

Segundo informou a emissora pública da região de Berlim RBB, houve confrontos entre policiais e manifestantes, e um pequeno número de prisões foi realizado.

Apesar das restrições do coronavírus, cerca de mil pessoas participaram da manifestação neste domingo, muitos usando máscaras. Eles erguiam bandeiras do partido comunista alemão DKP, do movimento esquerdista Antifa e de organizações curdas e turcas.

O destino final da marcha foi um cemitério no bairro de Lichtenberg, onde uma comemoração oficial, normalmente organizada pelo partido A Esquerda, foi adiada para março, devido à "situação muito crítica do coronavírus" em Berlim, indicou a legenda.

Ícones comunistas

Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht foram brutalmente assassinados em 15 de janeiro de 1919 por soldados do Freikorps, formado por extremistas de direita, supervisionados por Gustav Noske, ministro militar do então governo provisório comandado por Friedrich Ebert, líder do Partido Social-Democrata (SPD).

Liebknecht foi assassinado a tiros, com a versão oficial dizendo que ele foi morto "enquanto tentava fugir". Luxemburgo também foi morta a tiros, e seu corpo foi atirado no canal Landwehr, em Berlim.

Em meio à agitação revolucionária, a Alemanha foi às urnas quatro dias depois, com as mulheres incluídas pela primeira vez no processo eleitoral, levando a negociações que culminaram na República de Weimar, liderada por Ebert como presidente até sua morte, em 1925.

A república, responsável por estabelecer as bases democráticas na Alemanha, acabou erodida durante a Grande Depressão, até a tomada do poder por Hitler em 1933.

Os assassinatos em 1919 dos dois comunistas alemães, que romperam com o SPD durante a Primeira Guerra Mundial, contribuíram para divisões duradouras na esquerda da Alemanha, ecoadas também durante a Guerra Fria, quando o país se dividiu entre Leste e Oeste.

Socialistas e comunistas realizam até hoje um protesto silencioso anual em memória de Luxemburgo e Liebknecht, normalmente no segundo domingo de janeiro.