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Bachelet diz ter "pena pelo Brasil" por causa de Bolsonaro

23 de setembro de 2019

Presidente brasileiro fez elogios ao regime Pinochet, justificando morte do pai dela pela ditadura chilena. Alta comissária dos Direitos Humanos da ONU diz que a redução do espaço democrático não ocorre só no Brasil.

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Michelle Bachelet
Bachelet: "Se há uma pessoa que diz que em seu país nunca houve ditadura, que não houve tortura, me dá pena pelo Brasil"Foto: picture-alliance/AP Photo/S. di Nolfi

A alta comissária para os Direitos Humanos da ONU e ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, em entrevista veiculada neste domingo (23/09), disse sentir "pena pelo Brasil" ao lembrar a defesa que o presidente Jair Bolsonaro fez recentemente da ditadura de Augusto Pinochet, na qual justificou a morte do pai dela pelo regime militar chileno.

"Se existe uma pessoa que diz que em seu país nunca houve ditadura, que não houve tortura, que diz que a morte de meu pai após torturas permitiu que [o Chile] não fosse outra Cuba, bem, a verdade é que me dá pena pelo Brasil", disse Bachelet à emissora chilena TVN.

No início de setembro, ao fazer um balanço do seu primeiro ano no cargo como alta comissária para os Direitos Humanos da ONU, ela denunciou a redução do espaço democrático e um marcante aumento da violência policial no Brasil, o que provocou resposta dura de Bolsonaro.

"Se não fosse pelo pessoal do Pinochet, que derrotou a esquerda em 1973, entre eles seu pai, hoje o Chile seria uma Cuba", disse o presidente, se referindo ao general de brigada da Força Aérea Alberto Bachelet Martínez, que foi preso e torturado durante a ditadura chilena, morrendo de infarto no cárcere em 1974. Dois ex-militares foram condenados em 2014 pela tortura e morte dele.

Durante a entrevista à emissora chilena, a ex-presidente ressaltou que a "redução do espaço democrático não acontece apenas no Brasil" e que na área de direitos humanos "não existe nenhum país perfeito".

Bachelet também falou da situação da Venezuela, apontando que muitos acreditavam que a visita que ela fez ao país resultaria em um "milagre" para acabar com a crise humanitária.

"Sou alta comissária e quero manter a minha relação com o governo venezuelano, para continuar trabalhando e para ajudar a resolver a situação crítica de direitos humanos. Ainda há muita gente que está lá, que não saiu e que não está vivendo bem", lamentou.

Bachelet foi presidente do Chile por duas vezes, entre 2006 e 2010 e entre 2014 e 2018. No ano passado, assumiu o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

MD/efe/afp

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