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"Declínio econômico acabou", diz Trump no Congresso

5 de fevereiro de 2020

Em pronunciamento anual, presidente americano lista conquistas econômicas e mira base conservadora de apoiadores. Líder democrata Nancy Pelosi rasga discurso diante de Congresso polarizado.

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Donald Trump, presidente dos EUA, gesticula durante discurso sobre o Estado da União no Congresso americano
"Estamos avançando num ritmo inimaginável até há pouco tempo, e nunca voltaremos para trás", disse Trump sobre a economiaFoto: Getty Images/AFP/M. Ngan

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reivindicou ser o responsável por uma "grande retomada americana" durante o discurso anual do Estado da União, na noite desta terça-feira (04/02) em Washington.

Diante de um Congresso dividido, Trump aproveitou para se concentrar em assuntos ligados à economia num pronunciamento que deverá impactar sua campanha pela reeleição.

Enquanto Trump subia ao palanque da mesma Casa em que uma maioria de democratas votou pelo seu impeachment, em dezembro, congressistas republicanos entoaram gritos de "mais quatro anos!".

Durante o pronunciamento de 78 minutos, Trump não mencionou o julgamento do impeachment que deverá terminar nesta quarta-feira, com votação da sentença pelo Senado. É esperado que o presidente americano seja absolvido pela maioria republicana na Casa.

Democratas da oposição demonstraram visível e audivelmente estarem contrariados pela linguagem que consideraram extremamente partidária do discurso de Trump. Num aceno a seus apoiadores, o presidente republicano criticou assuntos como imigração, pediu restrições ao aborto e afirmou que defenderá o direito de posse de armas.

No final do discurso, a presidente da Câmara e expoente da votação do impeachment, a democrata Nancy Pelosi, rasgou a cópia do discurso que Trump havia entregue a ela e ao vice-presidente e também presidente do Senado, Mike Pence, ao subir ao pódio. A atitude de Pelosi foi considerada a reação mais clara dos democratas às palavras de Trump e criticada por conservadores como "infantil".

"Foi o que havia de cortês a fazer considerando as alternativas", explicou Pelosi, chamando o discurso de "um manifesto de inverdades".

O gesto refletiu a polarização no Congresso. Em vez de concretizar um tradicional momento de trégua política, o discurso mostrou a guerra simbólica que vive o país antes das eleições presidenciais.

O presidente americano foi repetidamente aplaudido por congressistas republicanos durante o discurso. "Estamos avançando num ritmo inimaginável até há pouco tempo, e nunca voltaremos para trás", declarou, entre palmas dos correligionários. "Os anos de declínio econômico acabaram."

De forma reiterada, Trump apontou contrastes entre seu mandato e o do ex-presidente democrata Barack Obama. Num momento do discurso, ele atacou "as políticas econômicas fracassadas da gestão anterior".

Checagens realizadas por vários veículos de comunicação do país rapidamente destacaram que a atual expansão econômica nos Estados Unidos começou sob Obama e que vem mostrando sinais de retração nos últimos três meses. Segundo as análises, Trump não conseguiu manter o crescimento econômico de 3%, conforme havia prometido.

O presidente americano concedeu a Medalha Presidencial da Liberdade – a maior honraria no país a um civil – ao apresentador de rádio conservador Rush Limbaugh, conhecido por declarações consideradas racistas.

Trump também realizou um reencontro surpresa entre um soldado e sua família e apresentou o presidente autodeclarado da Venezuela e líder da oposição Juan Guaidó, que estava na plateia, como um bastião contra o socialismo – em provocação ao regime de Nicolás Maduro.

"O socialismo destrói nações, mas sempre lembrem que a liberdade unifica a alma", sentenciou Trump.

O presidente também elogiou o aumento das despesas do Estado com o Exército e listou como exemplos de promessas cumpridas, entre outros, um acordo comercial com a China e medidas "sem precedentes" para coibir a imigração ilegal, além de seu controverso plano de paz para "acabar com as guerras americanas no Oriente Médio".

Por outro lado, o presidente americano não falou na dívida interna crescente, que poderá atingir níveis recorde desde a Segunda Guerra Mundial.

Criticado pela falta de propostas para a área da saúde, Trump prometeu baixar os custos de planos para a população, atacando as propostas democratas como "uma tomada socialista" que arruinaria o país, diminuindo benefícios ao conceder cuidados a imigrantes ilegais.

Além disso, de acordo com a visão de Trump, as promessas de renovação do programa espacial americano deverão ser concretizadas, e os Estados Unidos "cumprirão seu destino nas estrelas" e serão "a primeira nação a fincar sua bandeira em Marte".

Em suas críticas, Trump ainda atacou "imigrantes ilegais", detalhando alegados crimes violentos cometidos por imigrantes e dizendo que apoiaria uma legislação que processe localidades que possuem leis protegendo cidadãos sem documentos.

RK/dpa/afp/rtr

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