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Eric Rohmer

12 de janeiro de 2010

Morto aos 89 anos, o diretor francês Eric Rohmer foi lembrado por todos os grandes jornais de língua alemã pela peculiaridade de sua linguagem cinematográfica e seu significado para a história do cinema.

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Foto: picture-alliance/ dpa

Em artigo intitulado "Fragmentos de um discurso amoroso" – uma alusão à obra antológica do francês Roland Barthes –, o diário berlinense Tagesspiegel lamenta a morte do "filho mais velho do clã em torno de Jean-Luc Godard, Jacques Rivette, Claude Chabrol e François Truffaut", deixando no ar a pergunta "o que vai sobrar de Rohmer? 'O reluzir verde' e o brilho próprio de seus filmes. O riso embaraçado e trôpego de seus heróis e heroínas rumo a se tornarem adultos, passeando infinitamente por paisagens de verão. A juventude. A inquietude. A ternura".

Já o diário taz, die tageszeitung, lembra especialmente a estreita ligação de Rohmer com a literatura e seu apreço pela linguagem, acentuando o rótulo de "intelectual da Nouvelle Vague" concedido ao diretor. O jornal descreve os ingredientes usados pelo cineasta para tecer seus dramas, como a relação entre os gêneros, o amor, o ciúme e as rivalidades. "Nenhum outro cineasta soube sondar com tamanha sutileza os ecos das mentiras cotidianas como Eric Rohmer. É aí que mora provavelmente o segredo de seus diálogos, que oscilam de forma tão estranha. Uma visão compreensiva e melancólica da condição humana".

Chamado pelo semanário Der Spiegel de "pai fundador do novo cinema francês", Rohmer também é lembrado pelo "mar de possibilidades" que sempre ofereceu a seus heróis e heroínas na tela. "Mesmo quando Rohmer, esse senhor distinto, ascético e sempre atento à forma, mergulha em seus personagens, ele não se entrega incondicionalmente às suas decisões. Suas histórias foram extremamente morais, mesmo que, devido a seu tom claro e melancólico, não pareçam impostas ao espectador".

Para o Süddeutsche Zeitung, de Munique, Rohmer "era, entre os cineastas da Nouvelle Vague, o que mais estritamente observava as regras e o belo rigor da composição, algo às vezes considerado pedante ou entediante. Isso já começava com o fato de que ele concebia seus filmes em séries, em experimentos serializados sobre o comportamento humano, uma espécie de reflexo do processo social de tentativa e erro".

Ao lembrar que a paixão se manteve como o tema que acompanhou Rohmer por toda a vida, tendo sido talvez seu único assunto, o semanário Die Zeit ressalva que os filmes do diretor agora morto "talvez não tivessem vez no cinema de hoje. Pois em seus filmes os relógios andam ao contrário. Quase não há narrativa e, quando há, ela parece inofensiva. E, diga-se de passagem, por mais racional que seja o mundo de Rohmer, há constantemente um minúsculo resto anárquico. Esse resto é o desejo humano".

SV/dpa/ap
Revisão: Simone Lopes