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Trump perdoa ex-conselheiro de segurança Michael Flynn

26 de novembro de 2020

Presidente indulta mais um de seus aliados. Decisão é criticada por democratas, que veem abuso de poder e corrupção. General reconheceu ter mentido ao FBI.

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Michael Flynn
Flynn era uma das peças mais importantes na investigação do FBI sobre suspeitas de conluio com o Kremlin Foto: Getty Images/C. Somodevilla

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, perdoou nesta quarta-feira (25/11) o ex-conselheiro de segurança nacional Michael Flynn, que confessou em 2017 ter mentido ao FBI sobre contatos com um diplomata russo.

"É minha grande honra anunciar que foi concedido ao general Michael T. Flynn o perdão total. Parabéns para Michael Flynn e sua fantástica família, sei que terão agora um Dia de Ação de Graças verdadeiramente fantástico", escreveu Trump na rede social Twitter.

Flynn é a segunda pessoa ligada ao presidente a receber o perdão presidencial na investigação sobre a interferência da Rússia na eleição de 2016, conduzida pelo conselheiro especial Robert Mueller. A primeira foi Roger Stone.

Trump deverá conceder o perdão presidencial a vários aliados antes de deixar a presidência dos EUA, em 20 de janeiro.

A decisão era esperada, mas mesmo assim foi muito criticada. O presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes, Adam Schiff, afirmou que Trump "reiteradas vezes abusou do poder de perdão para beneficiar amigos e proteger aqueles que o acobertaram".

A presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, afirmou que se trata de um ato grave de corrupção e um "descarado abuso de poder".

General mentiu ao FBI

Flynn era uma das peças mais importantes na investigação do FBI sobre suspeitas de conluio entre a candidatura de Trump e o Kremlin para a eleição presidencial dos EUA de 2016. A investigação dominou os primeiros dois anos do mandato de Trump, mas acabou sem apresentar evidências.

Flynn, um general da reserva, participou da campanha de Trump e depois das eleições manteve contatos confidenciais com o embaixador russo em Washington, Serguei Kisliak, em dezembro de 2016.

Já nomeado assessor para a segurança nacional do país, Flynn foi interrogado em 24 de janeiro de 2017 pelo FBI, mas ocultou que tivesse mantido quaisquer contatos com representantes do Kremlin. Acabou afastado do cargo por Trump após apenas 22 dias porque também mentiu ao vice-presidente Mike Pence sobre esses contatos.

Mais tarde, Flynn declarou-se culpado de perjúrio e concordou em cooperar com a investigação sobre a ingerência russa. 

Contudo, após mudar de advogado, o general alterou a estratégia em 2019 e alegou que era vítima de manipulação, razão pela qual pediu o cancelamento da investigação.

Em maio, o Departamento de Justiça, comandado por Bill Barr, próximo de Trump, decidiu retirar as acusações contra Flynn, uma decisão inédita e que foi fortemente contestada, uma vez que o general já se tinha declarado culpado.

A investigação poderia vir a ser reaberta pela administração do presidente eleito Joe Biden, que deverá chegar à Casa Branca em 20 de janeiro, mas o perdão de Trump encerra definitivamente o assunto.

Perdão, não inocência

A família de Flynn agradeceu ao presidente por "ouvir as suas preces" com um "perdão total por inocência".

Na verdade, como o Departamento de Justiça destacou, o perdão presidencial implica culpa, pois é "concedido em reconhecimento à aceitação, pelo solicitante, de responsabilidade pelo crime" e "não significa inocência".

AS/lusa/ap/afp/rtr